A endocrinologia vai muito além de obesidade, menopausa e tireoide. O endocrinologista é o médico que estuda e trata o funcionamento das glândulas e hormônios, responsáveis por regular praticamente todas as funções do organismo.
Por isso, alterações hormonais podem impactar peso, humor, fertilidade, metabolismo, ossos, coração e até a pele.
Nesta página, você vai conhecer outras condições tratadas pela endocrinologia — todas com impacto direto na qualidade de vida que merecem atenção especializada.
Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)
A Síndrome dos Ovários Policísticos é uma das doenças mais comuns entre mulheres em idade fértil.
Ela não envolve apenas irregularidade menstrual, mas também alterações metabólicas e hormonais que podem causar:
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Acne persistente e pele oleosa
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Queda de cabelo e aumento de pelos em áreas indesejadas
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Dificuldade para engravidar
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Ciclos menstruais irregulares ou ausentes
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Dificuldade para perder peso
A SOP está intimamente ligada à resistência à insulina, o que eleva o risco de pré-diabetes e diabetes tipo 2. O tratamento depende do perfil e fenótipo da mulher, além dos objetivos dela no momento. Podendo incluir mudanças de estilo de vida, anticoncepcionais, indutores de ovulação em casos de infertilidade e medicamentos que melhoram a ação da insulina e ajudam na perda de peso.
O olhar do endocrinologista é essencial para integrar saúde reprodutiva, controle metabólico e prevenção a longo prazo.
Síndrome metabólica
A síndrome metabólica é um conjunto de alterações que, quando presentes em conjunto, aumentam muito o risco de doenças cardiovasculares e diabetes.
Ela é diagnosticada quando há pelo menos três dos seguintes fatores:
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Obesidade abdominal (medida da cintura aumentada)
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Alterações na glicemia (pré-diabetes ou diabetes)
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Colesterol HDL baixo (“bom colesterol”)
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Triglicérides elevados
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Pressão arterial alta
O grande desafio é que muitas pessoas vivem anos com a síndrome metabólica sem sintomas evidentes, descobrindo apenas quando já existe um problema cardíaco ou metabólico.
O acompanhamento médico envolve mudança no estilo de vida (alimentação, exercícios, sono, controle do estresse) e, se necessário, uso de medicamentos para controle da pressão, da glicemia e dos lipídios.
Doenças das glândulas suprarrenais
As glândulas suprarrenais, localizadas acima dos rins, são pequenas, mas têm papel fundamental: produzem hormônios como cortisol, adrenalina e aldosterona, que regulam energia, pressão arterial e resposta ao estresse.
Alterações nesse sistema podem causar doenças graves, como:
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Síndrome de Cushing: excesso de cortisol, que leva a ganho de peso centralizado no abdômen e rosto, hipertensão, diabetes, osteoporose, fraqueza muscular e alterações emocionais.
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Doença de Addison: deficiência de cortisol, manifestada por cansaço extremo, emagrecimento, pressão baixa, escurecimento da pele e maior vulnerabilidade a infecções.
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Hiperaldosteronismo primário: excesso de aldosterona, causando hipertensão resistente e níveis baixos de potássio, que podem provocar arritmias e fraqueza muscular.
O diagnóstico costuma ser desafiador, exigindo exames hormonais específicos e, em alguns casos, testes de imagem.
O tratamento varia desde medicamentos até cirurgia, sempre de acordo com cada quadro clínico.
Acompanhamento pré e pós-cirurgia bariátrica
A cirurgia bariátrica pode ser uma ferramenta poderosa no tratamento da obesidade, mas não é uma solução isolada.
Antes da cirurgia, o endocrinologista avalia indicações, condições clínicas associadas, preparo nutricional e adequação hormonal.
Após a cirurgia, acompanha o paciente para:
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Monitorar a perda de peso de forma saudável
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Prevenir deficiências nutricionais (como ferro, vitamina B12, vitamina D e cálcio)
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Ajustar medicações de diabetes, pressão e colesterol
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Apoiar na manutenção dos novos hábitos de vida
Esse acompanhamento é essencial para garantir resultados duradouros e prevenir complicações.
Esteatose hepática (gordura no fígado)
A esteatose hepática não alcoólica é cada vez mais frequente, muitas vezes descoberta em exames de rotina.
Ela acontece quando há acúmulo excessivo de gordura no fígado, geralmente associado a sobrepeso, obesidade, diabetes tipo 2, colesterol e triglicérides elevados.
O problema é que, sem tratamento, a esteatose pode evoluir para esteato-hepatite, fibrose, cirrose e até câncer de fígado.
O tratamento envolve principalmente emagrecimento, alimentação saudável, prática de exercícios e, em alguns casos, medicações para controlar diabetes e colesterol.
Osteopenia e osteoporose
Com o passar do tempo, nossos ossos perdem densidade mineral.
A osteopenia é o estágio inicial dessa perda, enquanto a osteoporose já representa uma fragilidade óssea importante, aumentando o risco de fraturas mesmo em quedas leves.
Alguns grupos estão mais vulneráveis:
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Mulheres na menopausa
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Pacientes após cirurgia bariátrica
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Usuários crônicos de corticoides
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Pessoas com doenças intestinais inflamatórias ou má absorção
O tratamento pode incluir cálcio, vitamina D, atividade física com impacto e força, e medicamentos específicos que reduzem o risco de fraturas. O endocrinologista avalia individualmente o momento certo de intervir.
Deficiências vitamínicas e nutricionais
A vida moderna, com dietas restritivas ou desequilibradas, cirurgias bariátricas, uso prolongado de medicamentos e algumas doenças intestinais, pode levar a deficiências de vitaminas e minerais essenciais.
As mais comuns incluem ferro, vitamina B12, vitamina D, cálcio e ácido fólico.
Essas deficiências podem causar cansaço, queda de cabelo, alterações de humor, anemia, perda óssea e prejuízo cognitivo.
O endocrinologista avalia não só os exames, mas também o contexto clínico do paciente, orientando quando e como fazer a reposição — sempre de forma personalizada, evitando tanto a falta quanto o excesso.
Em todas essas situações, o papel do endocrinologista é acolher, investigar profundamente e conduzir um tratamento baseado em evidências científicas, sempre respeitando a individualidade de cada paciente.




